Em meio a momentos de grande preocupação no país e no mundo devido à pandemia causada pela Covid-19, há necessidade de adequação dos fluxos de atendimento aos usuários do SUS, principalmente os portadores de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DNCTs).
Sabendo da gravidade dessa pandemia e como ela está vinculada às complicações respiratórias que podem ser fatais, o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas – Cratod, responsável pelo Programa Estadual de Controle de Tabagismo – PECT, solicitou uma norma técnica que estabelece as diretrizes referentes à abordagem ao paciente tabagista na pandemia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), foi documentado que os fumantes têm um risco de duas a quatro vezes maior de contrair doença pulmonar pneumocócica invasiva – uma doença associada à alta mortalidade. O risco de influenza é duas vezes mais alto e mais grave em fumantes, em comparação com não fumantes. No caso da tuberculose, fumantes têm duas vezes mais risco de contrair a infecção e quatro vezes maior para mortalidade por essa enfermidade.
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) tem como uma de suas ações o tratamento do tabagismo nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), em modalidade individual e em grupo.
Visando reduzir o risco de contaminação do vírus e ao mesmo tempo cuidar do paciente tabagista, o Cratod reforçou as recomendações do Ministério da Saúde (MS), bem como sugeriu, na norma, o seguinte manejo para atendimento nas unidades de saúde:
-Evitar aglomeração de pessoas num mesmo ambiente ao mesmo tempo;
– Evitar exposição do paciente tabagista nas unidades de saúde, a não ser que seja absolutamente necessário, uma vez que há grande possibilidade dessas unidades receberem pessoas com quadros compatíveis com o vírus;
– Evitar começar tratamento de tabagismo para novos grupos ou individual, porém incentivar a mudança de comportamento através de abordagem mínima e manter contato com o paciente para que seja incluído no tratamento regular em momento oportuno;
– O início do tratamento só deve ocorrer em situações absolutamente imprescindíveis;
-Para os pacientes que já estão em tratamento individual ou em grupo, se for possível ao profissional, garantir que estejam com a medicação para o período, continuar as orientações terapêuticas em grupo ou individuais através de aplicativos de mensagens ou outros.
Clique aqui para conferir o documento completo com instruções de tratamento hospitalar e assistência farmacêutica. Lá você encontra também todos os links disponíveis pelo Ministério da Saúde.
O narguilé e a Covid-19
Na norma, observou-se também o uso do narguilé e as recomendações da OMS. De acordo com o documento, o INCA preparou uma nota técnica alertando sobre os riscos do tabagismo e do uso e compartilhamento do narguilé para a infecção pela Covid-19. Segundo a nota, fumar aumenta o risco de contrair infecções bacterianas e virais, como a Covid-19.
Entre os pacientes chineses diagnosticados com pneumonia associada ao Covid-19, as chances de agravamento da doença foram 14 vezes maiores entre as pessoas com histórico de tabagismo em comparação com as que não fumavam. Esse foi o fator de risco mais forte entre os examinados.
Em relação ao narguilé, o risco de transmissão do vírus cresce substancialmente, já que a mangueira é passada de pessoa a pessoa e todas compartilham a mesma piteira (que é a parte colocada na boca).
Alguns países da região do Mediterrâneo oriental, como Irã, Kuwait, Paquistão, Catar e Arábia Saudita, proibiram o uso do narguilé em locais públicos, como cafés, bares ou restaurantes, para prevenir a transmissão e disseminação do vírus. As recomendações são:
– Informar o público sobre o aumento do risco de infecção por Covid-19 em fumantes em comparação com não fumantes;
– Informar o público sobre o alto risco de infecção pelo vírus e outras doenças devido o uso de narguilé;
– Orientar o fumante que fumar faz mal à saúde e que não compartilhe o narguilé e outros dispositivos para fumar;
– Incentivar o fumante a parar de fumar.
Muitos esforços estão sendo mobilizados para contenção da Covid-19 e sua forma de ação e transmissão, portanto, exigem estudos específicos para determinações de protocolos e linhas de cuidado. Com isso, o CRATOD sugeriu uma coleta de dados dos pacientes tabagistas sugestivos ou confirmados com o virus, pois será de grande contribuição científica e aperfeiçoamento do tratamento. É imprescindível também que os profissionais que matem contato com os pacientes, utilizem materiais e informações oficiais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde de São Paulo para divulgação de informações oficiais.